Lendas Brasileiras
E como hoje é sexta-feira — cuja noite é tradicionalmente reservada para o lobisomem —, uma criatura tenebrosa que é homem de dia e, quando escurece, se transforma em figura grotesca com rosto de lobo, que vaga pela noite em busca de vítima para sugar o sangue, e, quando o galo canta e surgem os primeiros raios de sol, volta a ser um homem igual aos outros... Ele só morre se alguém lhe der um tiro de revólver com bala de prata. Chic, hein?!
Houve uma época em que os mais velhos, em noite de chimarrão, contavam histórias para a família: fantasmas e outros “causos” extraídos do próprio folclore brasileiro, que muitas vezes deixavam muita gente com pulga atrás da orelha e sem dormir tranquilo.
Hoje em dia, ninguém mais conta esse tipo de história — nem do lobisomem, nem do boitatá, da Iara, do Curupira e muito menos do Saci Pererê — porque no mundo tecnológico não tem lugar para esses seres folclóricos.
Ah, mas como toda regra tem exceção, uma figura dessas, no entanto, habita diariamente o nosso cotidiano para nos atucanar a vida e encher, literalmente, o nosso saco. Claro que falo da Mula Sem Cabeça — cuja lenda é de uma mulher que cometeu milhares de atos profanos, por isso anda a esmo, daqui pra lá, de lá pra cá, em busca de um tonto para casar.
Na verdade, para quem é estudioso em folclore, a moçoila em referência procura não um velho tonto, septuagenário e borracho — não mesmo — mas sim um padre, para casar.
Essa Mula Sem Cabeça que me refiro já está casada, mora no Planalto Central, usa roupas de estilista varzeano que abusa da cor vermelha para confeccionar seus trajes, principalmente para suas viagens internacionais e visitas ao XI. É uma bichona que quer agora implantar a proibição das pessoas terem suas opiniões e veicularem as mesmas nas plataformas digitais — uma espécie de censura para calar a boca dos detratores de seu marido, o Sapo Cururu.
Ela é uma figura ímpar, que se destaca pelo deslumbramento e por gastar muito bem o dinheiro — o nosso dinheiro —, além de ter carta branca para falar o que lhe vem à telha (pois não tem cabeça), tudo com total aval do maridão.
Dizem, nos bastidores palacianos, que a rainha de Copas — Narizinho, para os íntimos — quer contratar um médico cubano para fazer um transplante de cabeça, a fim de colocar nela a cabeça da Medusa, conhecida nas rodas ministeriais com o codinome de Marisa. Tudo para agradar o Sapo Cururu.
Enquanto isso não acontecer, a moçoila sem cabeça continuará fazendo pirraças (como fez com o Musk) e ainda aprontará mil peripécias para a alegria dos seus iguais. E, como segunda-dama de um rei sem coroa, ela é o próprio folclore em forma de mulher…
“Coitada da Mula Sem Cabeça por ser comparada com uma mulher com cabeça oca; pois não ter cabeça é não poder pensar, mas tendo cabeça oca é o mesmo que matutar para destilar cretinice. Se ficar o bicho pega; se correr o bicho come.”