Olhos de Lince
Tem algumas expressões antigas que ainda cabem muito bem no momento presente, uma delas é que advertia as pessoas a terem olhos de lince para enxergar com nitidez os perigos que estão ao nosso lado. É verdade. As cidades estão nas mãos de perigosos bandidos e no dia a dia todos nós somos vítimas em potencial de furtos e assaltos, basta nos distrairmos por segundos e surge um criminoso ao nosso lado.
E eles aparecem do nada como se saíssem do interior da lâmpada mágica de Aladim, pois a vítima chega até a perder a noção de tudo pela rapidez com que agem impunemente e desaparecem como nuvem de vapor. E zasp, lá se foi o relógio, a pulseira, o brinco, o colar, a bolsa e o dinheiro. E o pior é que não tem para quem reclamar. Só resta contabilizar o prejuízo, curtir o trauma e dar graças a Deus por estar vivo. E sabe quantas ocorrências destas acontecem todos os dias ? Não dá nem para imaginar pois os marginais cada dia estão mais ousados, livres e ociosos. E quando preso e processado pela Justiça o quanto muito ganham do estado uma tornozeleira eletrônica sem qualquer utilidade para ornamentar o tornozelo e fingir que está sendo monitorado. E falei há pouco da ousadia dos ladrões e vou agora provar.
Lembra dos velhos filmes de faroeste quando os assaltantes de bancos logo após o assalto fugiam montados em cavalos velozes para fugir do xerife ? Depois no tempo de Bonny e Clayd o mais potente automóvel era usado para que o casal pudesse fugir da polícia. Mais recentemente, entre nós, os larápios usavam motocicletas para permitir uma fuga mais despreocupada, porque a polícia sempre chega atrasada. E hoje em dia em Curitiba os assaltantes estão usando bicicleta, menos barulhenta, menos poluente, porque não precisam fugir de ninguém porquê não tem pessoal suficiente para dirigir a viatura policial. E com certeza amanhã o assaltante cumprirá o ato de seu ofício a pé, de chinelo, roupão sobre o pijama e bem próximo da marquise do prédio que decidiu morar.
O Estado foi engolido pelo banditismo, vagabundagem e mergulhou na violência do cotidiano. E não duvide que o ladrão nosso de todos os dias receba no final de cada mês Bolsa Brasil, ajuda de aluguel (como no caso de São Paulo e Rio de Janeiro), usufrui da Assistência Social e quem sabe até faz jus a aposentadoria por tempo de velhice. Tudo porquê sua única profissão é roubar. Vamos devagar que o andor é de barro.
Existe muito assistencialismo e nenhuma ação efetiva para tirar os necessitados da pobreza; os Tribunais e os Juízes adoçaram o fel do castigo da pena; os agentes do MP deixaram de combater os criminosos para se preocuparem com as causas sociais; e a polícia luta sozinha tentando enxugar pedras de gelo. Daí a bagunça e o medo em que estamos metidos. Por quê? Porque a Justiça Criminal faliu e se tornou um ótimo emprego. Dentre estes tem mais mestres, doutores e pós-doutores do que profissionais vocacionados e com isto mais vale a preocupação de ministrar uma boa aula do que trabalhar com exclusividade e arriscar a vida contra o império do crime. Só não vê esta verdade quem não quer enxergar. Não sou arauto da desgraça mas um dom Quixote que luta contra os moinhos de vento, que escreve o que pensa doa a quem doer. Porque penso no futuro de meus filhos e netos e não quero sair desta vida com a sensação de que fui um omisso, vi barbaridades e não reagi, pois pactuei com tudo e com todos. Não sou dono da verdade e nem palmatória do mundo mas um cidadão que não tem mais olhos de lince tão mais aguçados do que tinha, mas que ainda enxerga os sinais do tempo …
“Tantas autoridades, tantas omissões e tantos descalabros. Muito assistencialismo, muito desperdício de dinheiro publico e muita inoperância . Daí o crime, o medo e a insegurança. A inércia dos eleitores causou a falência do Estado brasileiro. Consertar como ?”
Édson Vidal Pinto