Nó em Pingo D’água
Não, não é implicância com o Sérgio Moro muito pelo contrário, pois eu o tenho como pessoa intelectualmente bem preparada mas que politicamente sob minha ótica é um zero à esquerda. Também não quero repetir críticas sobre seus erros com opções desastrosas e que o conduziram por caminho tortuoso e aparentemente incerto.
Mas insisto porquê ainda dá tempo para ajustar a bússola do tempo perdido e se refazer do último equívoco que cometeu. Falo de sua opção política. Não sei se estou tão equivocado mas aquele prestígio que a imprensa proporcionou ao Moro de ser conhecido como o maior de todos os Juízes dentro e fora do país, não tem mais o mesmo brilho e intensidade e presentemente a repercussão dada não vai muito além das fronteiras do Paraná; sabidamente o estado onde tem muitos eleitores que reconhecem seu destemor e o apoiam incondicionalmente.
Daí ao que me parece a base de sustentação para sua candidatura está regionalizada. Além fronteira existem tradicionais raposas da velha política que manobram o eleitorado de seus estados e não morrem de amores pelo maringaense. Desde há muito tempo tenho escrito que a melhor opção para ele dar os primeiros passos na trajetória política-partidária seria, primeiro por ousadia e acreditando nas suas próprias possibilidades, concorrer uma vaga de Senador da República pelo Paraná e segundo disputar uma vaga de deputado estadual.
Para o Senado seria uma disputa mais indigesta porque teria de enfrentar o Álvaro Dias, um político em decadência e outros candidatos bem mais qualificados, mas estaria em condições de concorrer em pé de igualdade e até obter a vaga. Já para deputado estadual a eleição seria certa e a votação espetacular. No entanto caiu na armadilha dos três Senadores do Paraná e foi seduzido a concorrer com o Bolsonaro e o Lula numa eleição polarizada apenas entre eles dois. É claro que os acertos e artimanhas políticas vão se ajustando na medida em que a eleição se aproxima, pois as promessas antes firmadas nem sempre são cumpridas porque os interesses pessoais e de sobrevivência eleitoreira estão acima de qualquer palavra dada.
E parece que o sonho prometido pelos três Criadores está se tornando um pesadelo para a Criatura. Foi instalado um impasse e para eles três o Moro perdeu a importância porque surgiram outras perspectivas mais palpáveis e viáveis que merecem mais atenção.
As notícias dão conta que um outro Partido quer a filiação do Moro e promete apoio economicamente mais substancioso, enquanto que o seu atual Partido deseja que sua candidatura seja para Senador pelo Distrito Federal. Um imbróglio de nocautear qualquer um. A opção feita por Moro foi mais um nó dado num pingo d’água que surgiu em sua vida.
Só que ainda dá tempo para corrigir esse erro. Basta ser menos pretensioso, colocar os pés no chão, vestir as sandálias da humildade e repensar no passo que vai dar dentro da política para ter uma carreira sólida e produtiva.
Desde que não esqueça nunca de que seu eleitorado está dentro dos limites do estado e que dependendo da escolha que fizer ficará surpreso com o número de adesões de sua candidatura. A bola da oportunidade voltou aos seus pés e o momento agora é de controlá-la com prudência para não errar mais o chute no gol.
Não olvidando que na política quando o cavalo encilhado passar na frente o candidato de primeira viagem deve montar sem medo, com disposição e vontade férrea de chegar no pódio da vitória. E o Moro tem tudo para vencer e depois então pensar em alcançar objetivos maiores, pensando na Presidência da Assembleia Legislativa, na Governadoria e se não se deixar levar pelo desassombro e amigos oportunistas quem sabe até mudar futuramente a cara do Brasil. Só não pode brincar com as oportunidades e nem com a paciência dos eleitores…
“Ninguém começa a construção de uma igreja pelo campanário; é preciso primeiro moldar a base, levantar as paredes e fazer o telhado. Para quem deseja um lugar entre os políticos é preciso antes de mais nada pensar, maturar, avaliar os apoios, sentir o prestígio entre o eleitorado e depois escolher o cargo para disputar. Nem sempre dar um passo maior do que a perna dará certo. E quando dá certo é mera exceção e não a regra.”
Édson Vidal Pinto